Sobre

Quase todo o fertilizante de nitrogénio sintético do mundo é produzido com combustíveis fósseis. Isso é uma má notícia para o clima e também torna a economia de fertilizantes altamente injusta. Por exemplo, os agricultores ugandeses têm acesso limitado, e a preços mais elevados, do que a maior parte de África, e isso tem muito a ver com o modo como chega até eles: proveniente de fabricantes estrangeiros através do porto de Mombaça e de um longo e dispendioso transporte rodoviário até ao coração do continente. O preço oscila de forma imprevisível, entre 200% e 400% do custo dos fertilizantes na Europa. Muitos agricultores pagam o preço de qualquer forma, impulsionando importações de 1,5 milhões de toneladas por ano na tentativa de aumentar os rendimentos das culturas e garantir a segurança alimentar do país. 

Existe uma alternativa. Existe tecnologia para produzir fertilizantes com hidrogénio verde, eletrolisado a partir da água, num processo alimentado por fontes de energia limpa. Com esta tecnologia, a geografia montanhosa do interior do Uganda poderá ser um ativo em vez de uma dificuldade: a energia hidroelétrica poderá energizar a produção de fertilizantes para rendimentos muito maiores nas propriedades agrícolas ugandesas. Essa é a ideia por detrás da Green Hydrogen Fertiliser Company, uma joint venture da Westgass – uma empresa energética norueguesa que desenvolve projetos intensivos de energia verde de escala industrial – e infraestrutura e apoio ao desenvolvimento industrial do Fundo Aga Khan para o Desenvolvimento Económico, Industrial Promotion Services (IPS). O seu plano para uma fábrica em Karuma, Uganda, alimentada por uma central hidroelétrica de 100 MW, transformaria recursos renováveis localmente disponíveis em fertilizantes e resiliência agrícola.  

O nosso apoio

A ideia é auspiciosa, com a promessa de reformar a agricultura ugandesa sob a alçada da própria energia verde do país. Sendo a primeira empresa a avançar para os fertilizantes de hidrogénio verde em grande escala em África, o desafio de mobilizar capital é proporcionalmente grande. Em 2025, a Westgass e a IPS entraram em contacto com o GET.invest para obter apoio para dar os próximos passos. O GET.invest envolveu-se imediatamente na análise da estrutura financeira da empresa e na validação do modelo de negócios, resumindo estas informações numa apresentação e estabelecendo um espaço de dados para financiadores interessados, bem como na apresentação a algumas instituições financeiras que possam estar à altura do nível de ambição da empresa.  

Para gerir todo o processo de produção, a joint venture está a estabelecer um contrato de aquisição de energia com a central hidroelétrica estatal. Num dos aspetos mais inovadores do projeto, o GET.invest prestou consultoria à Westgass e à IPS relativamente a um mecanismo especial de fixação de tarifas energéticas no contrato proposto que garante preços competitivos para os agricultores locais, garantindo ao mesmo tempo a capacidade de obtenção de financiamento do projeto. 

O resultado

As apresentações do GET.invest deram frutos aparentemente em poucos meses, tendo captado o interesse de uma grande instituição financeira europeia. O programa presta agora apoio à Green Hydrogen Fertiliser Company na estruturação de um termo de compromisso. A dimensão bastante significativa do investimento – com mais de 400 milhões de € necessários para este ambiciosa instalação – irá provavelmente ser estruturada como uma sindicação que envolve outros financiadores, e o GET.invest continuará a atuar para apresentar mais soluções. 

Quando se tornar realidade, a produção de fertilizantes de hidrogénio verde a esta escala tem o potencial de mudar totalmente a agricultura ugandesa. Uma indústria de fertilizantes independente e alimentada de forma renovável poderá atender às necessidades dos agricultores em todo o país e aumentar a produtividade agrícola duas a quatro vezes mais nos atuais campos de baixo rendimento, contribuindo para o desagravamento da insegurança alimentar e da pobreza. A exportação de fertilizantes verdes para países vizinhos poderá ocorrer logo a seguir, substituindo mais fertilizantes produzidos a partir de combustíveis fósseis no mercado africano – sem centenas de milhares de toneladas de emissões de carbono que o atual paradigma de fertilizantes desencadeia. 

Isenção de responsabilidade: Esta história foi actualizada pela última vez em outubro de 2025.