Sobre

A empresa nigeriana Darway Coast dedica-se a fornecer energia solar a comunidades remotas nos arredores da Região Sul do país. As suas mini-redes atendem à necessidade de pequenas comunidades rurais remotas que, no seu conjunto, é muito grande. Em muitos milhares de aldeias isoladas, as pessoas não têm acesso à eletricidade, a menos que possam pagar geradores a diesel privados, e anseiam ter acesso a energia de alta qualidade gerada e distribuída através de mini-redes locais. O custo da eletricidade será substancialmente mais baixo do que o de um gerador e as reduções das emissões beneficiam os objetivos de atenuação das alterações climáticas no mundo.

Os promotores locais como a Darway Coast são aqueles que irão concretizá-lo. São os que estão em melhor posição para chegar às comunidades e identificar as necessidades energéticas de residências, lojas, escolas e clínicas; obter licenças e contratos com clientes; e mobilizar os contratantes locais para o construir economicamente. Reconhecendo este facto, o Banco Mundial e o governo nigeriano, representado pela Agência para a Eletrificação Rural, encontram-se a apoiar o modelo com subvenções baseadas no desempenho que prestam apoio aos promotores com o equivalente de 600 € por ligação realizada. O programa faz parte do incentivo da Nigéria para alcançar a eletrificação universal até 2030, visando também as emissões zero líquidas até 2060. Na avaliação do governo, isto significa que a energia solar autónoma necessita de alcançar mais de 10.000 comunidades não servidas.

A Darway Coast desenvolveu quatro mini-redes até à data e está a preparar-se para muitas mais. Mas existe um elemento em falta para atingir essa meta: mais capital utilizado por patrocinadores e financiamento a termo substancial em moeda local. Num país desafiador como a Nigéria, com elevado risco de flutuações cambiais, a angariação de financiamento a termo para projetos de pequenas infraestruturas como mini-redes não é tarefa fácil. Devido ao facto dos promotores de mini-redes receberem pagamentos de utilizadores em nairas nigerianas, também necessitam de pedir empréstimos em nairas de modo a poderem saldar a dívida confiantemente a longo prazo. A predisposição dos bancos comerciais locais em prestarem financiamento a termo para mini-redes, um desenvolvimento inovador no mercado, é baixa, e os investidores institucionais nigerianos empregam menos de 1% dos seus ativos em moeda local como crédito interno em projetos de infraestruturas privados. O financiamento da dívida principal é tipicamente condicional numa contribuição de capital próprio de, no mínimo, 30% da despesa de capital.

O nosso apoio

Um consultor do Finance Catalyst do GET.invest reuniu-se com a Darway Coast numa conferência da Solarplaza em Lagos em 2019 e desde então tem estado em contacto frequente. O consultor ajudou a elaborar um caso de negócio abrangente para partilhar com os financiadores, contribuindo para a ideia de estruturação da fase seguinte do investimento como três carteiras circunscritas sob três veículos para fins especiais (SPV). O consultor analisou o modelo financeiro em termos de entradas, saídas e pressupostos básicos, ajudou nas apresentações do caso de negócio aos financiadores e investidores e atuou como o parceiro de defesa do promotor.

A abordagem final foi coordenada pela perspetiva de financiamento em moeda local. O Finance Catalyst do GET.invest fez as apresentações com duas potenciais fontes: InfraCredit, um fundo de garantia; e o Fundo de Dívida para Infraestruturas da Nigéria (NIDF). Trataram-se de financiadores nigerianos, estabelecidos com o apoio e envolvimento de instituições financeiras de desenvolvimento internacional que podiam oferecer, estruturar e obter crédito em nairas e compreender as circunstâncias locais e as necessidades energéticas em todo o país. A Darway Coast concluiu os primeiros dois SPV em 2022, assegurando com o apoio de garantia do InfraCredit um financiamento dos mercados de capitais equivalente a 3,5 milhões de euros para uma carteira de seis mini-redes e com o NIDF o equivalente a 2,18 milhões de euros em dívida principal para a construção de três mini-redes.

Nomeadamente, a conclusão com a InfraCredit foi alcançada através de um instrumento combinado, com o Mecanismo Combinado de Financiamento Climático, permitindo o financiamento em moeda local para o projeto através do investimento na parcela da dívida subordinada. Esta primeira perda de capital ajudou a eliminar o risco e a reduzir o custo do capital do projeto. Uma vez que a carteira cumpre os Critérios do Setor Solar do Padrão de Títulos Climáticos e recebeu certificação da Climate Bonds Initiative, a Darway Coast pode orgulhar-se do primeiro empréstimo em nairas com certificado verde para um projeto solar fora da rede.

O apoio do consultor do Finance Catalyst também tem sido determinante na angariação de um mecanismo corporativo a médio prazo de 650.000 € do Fundo de Auxílio ao Acesso à Energia SIMA para o desenvolvimento da mini-rede da Darway Coast, contribuindo para os seus investimentos de capital próprio nos SPV da carteira da mini-rede.

O resultado

A Darway Coast está agora a avançar rapidamente nas duas carteiras: têm capacidade para construir uma mini-rede em apenas alguns meses e trabalhar em diversas aldeias imediatamente através de contratantes locais. À medida que as subvenções baseadas no desempenho chegam, podem distribuí-las para desenvolver novos projetos. Logo que cada mini-rede se encontre operacional, a Darway Coast monitoriza-a remotamente e recebe os pagamentos relativos à energia através de agentes locais que vendem licenças para medidores inteligentes.

Com este investimento inicial garantido, o sistema de mini-rede adequa-se idealmente ao crescimento orgânico à medida que mais utilizadores se conectam. Com a necessidade de energia em todo o lado, uma mini-rede provoca muita atenção e atividade na área. As lojas, barbearias e alfaiates servem como utilizadores de apresentação, enquanto que outros serviços produtivos como moagem mecanizada de cereais e secagem se tornam possíveis e constituem boas opções para investimento futuro.

No momento, o GET.invest encontra-se a prestar assistência à Darway Coast na angariação de financiamento para a sua terceira carteira, o que irá aumentar o número de mini-redes estabelecidas ao abrigo destes SPV para 30. Os primeiros dois investimentos indicaram o caminho e já serviram de modelo na Nigéria: os promotores têm efetivamente capacidade de levar energia renovável a cada canto do país, impulsionados pelo próprio capital verde da Nigéria.

Isenção de responsabilidade: Esta história foi atualizada pela última vez em julho de 2023.